As pérolas fascinam pela raridade, se deixadas aos caprichos da natureza, de cada três toneladas de ostras, saem apenas três ou quatro gemas. Isso porque a pérola é uma espécie de cicatriz da concha.
Cada vez que o molusco que ali habita é invadido por um corpo estranho, ele secreta o nácar, substância que, depositada sobre o invasor, cristaliza-se rapidamente, neutralizando o agressor. Com o tempo, as camadas de nácar se sobrepõem umas às outras, dando origem às preciosas bolinhas.
As perfeitamente esféricas, consideradas as mais valiosas, só se formam quando o intruso é totalmente recoberto, o que faz com que a secreção seja distribuída de maneira uniforme, o que é uma raridade.
Ao contrário das pedras preciosas, a pérola é perfeita "au naturel". Não é preciso lapidá-la ou esculpi-la para utilizar na ourivesaria.
Hoje em dia, as pérolas naturais representam menos de 3% da produção mundial. As demais são cultivadas em formas e tamanhos variados. O primeiro registo da tentativa de criar uma pérola artificial foi do biólogo sueco Carl Von Linné, em 1761. A ideia era simular o processo de intrusão do corpo estranho na ostra e funcionou.
O sucesso da experiência valeu-lhe um título de nobreza, mas foram necessários alguns séculos para que o processo se tornasse praxe. No início do século 20, o japonês Kokichi Mikimoto patenteou o método mais difundido, em que são introduzidas sementes de diversas origens no molusco, que se encarrega de cobri-las com camadas sucessivas de nácar.
As pérolas cultivadas provocaram uma reviravolta no sistema de avaliação. Numa história lendária, conta-se que Pierre Cartier comprou a mansão que hoje abriga a sede da joalharia homónima na Quinta Avenida, em Nova Iorque, com um colar de duas voltas de pérolas naturais. O que em 1917 valia 1 milhão de dólares 40 anos mais tarde foi vendido por 151 mil dólares.
O duque Dmitri Pavlovich, descendente do império dos Romanov, mudou por acaso o rumo da história das pérolas no início da década de 1920. Para impressionar a amante, 11 anos mais velha, presenteou-a com uma jóia de família, um colar de pérolas de seis voltas.
Hoje as pérolas da maison transitam por duas vertentes, igualmente importantes: os colares da linha fashion, com contas delicadamente moldadas a mão por experts na arte das bijoux, e as pérolas de fato, que acompanham diamantes e outras pedras preciosas na alta joalheria.
Graças a Chanel, as longas voltas de pérolas caíram no gosto da bailarina Josephine Baker, contemporânea da estilista, que provocou rebuliço ao adotar um colar como único figurino nos seus espectáculos.
Depois, foi a vez de as estrelas de Hollywood renderem-se ao poder das pérolas. Marilyn Monroe garantiu o aval do star system para a versão cultivada de Mikimoto ao desfilar uma elegante gargantilha, que lhe tinha sido oferecido do marido, Joe Di Maggio .
Senhora de alguma das melhores jóias dos ‘red carpets’, Liz Taylor tinha particular afeição por ‘La Peregrina’, pérola do século 16 que coroava o colar Cartier, presente de Richard Burton, com quem se casou duas vezes. Em 2011, com a morte da atriz, a joia alcançou a incrível marca de ‘ 11,5 milhões de dólares num leilão.
Akoya
Também chamada de pérola japonesa, a akoya é menor, com diâmetro entre 2 e 9,5 mm, e nasce nos mares do Sudeste Asiático, Japão, Coreia e China. As cores variam do branco ao rosa, passando por nuances prateadas.
De água doce
Conhecida como biwa porque nos anos 1950 foi cultivada no lago homónimo no Japão, é encontrada em moluscos de lagos e lagoas. De forma irregular, é menor e menos valiosa, porém tende a ser mais durável.
Keshi
Totalmente composto de nácar, esse tipo de pérola não tem núcleo, ou seja, forma-se quando o molusco expele o corpo estranho. Menores e menos valiosas, as keshis são consideradas um subproduto das pérolas de cultivo, mas chamam a atenção pelo brilho.
South Sea
É a maior e mais rara, com gemas que podem chegar a 20 mm de diâmetro. As south seas foram uma febre nos anos 1990, mas acabaram perdendo espaço para as chinesas, mais baratas e fáceis de serem encontradas.
Cultivadas nas costas de corais da Austrália, de Myanmar, do Taiti e das Filipinas, podem ser brancas, negras ou douradas. A negra é chamada de "pérola do Taiti" e pode ter um tom cinza-claro ou exibir um arco-íris de cores.
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